segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Entrevista Carla Caruso

por MARCELO JUCÁ


Passeando por alguma livraria, seja ela qual for, ao olhar na estante dedicada à crianças, você encontra Carla Caruso. Bem, não ela própria em carne e osso, por assim dizer, mas ao pegar em mãos seus livros, nota-se seu sorriso acompanhando cada página virada.
As histórias lidas e vividas nessas páginas são de outras pessoas ou fantasias e emoções em forma de poesia. Carla escreve biografias para o público infantil, assim como também gosta de procurar palavras que traduzam o universo dos sentimentos em poemas e ilustrações (sim, de vez em quando, ela também gosta de ilustrar).
Premiada na 52ª edição do prêmio Jabuti, na categoria "Didático e Paradidático", com o livro "Almanaque dos Sentidos", a autora é conhecida por escrever sobre as infâncias de Cecília Meirelles, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e de Aleijadinho. No campo da poesia, as obras "Bicho-de-Livro" e "Poemas para Sonhar" brincam com toda a maleabilidade e sonoridade das palavras, despertando a curiosidade infantil para seus sentidos e ritmos.
Em entrevista à Livraria da Folha, Carla Caruso conta um pouco sobre sua carreira e impressões dos novos leitores brasileiros.

Livraria da Folha: Você trabalha com poemas e biografias voltadas para o público infantil. Algum dos estilos faz mais sucesso com a criançada?

Carla Caruso:Trabalho com alguns gêneros: ficção, poesia e biografia. Cada um tem suas próprias características. As biografias, por exemplo, narram a vida de pessoas que tiveram um papel muito significativo na sociedade. Todas as histórias de vida que escrevi foram de personalidades que admiro e constato que suas trajetórias são muito expressivas, seja por meio de suas criações, descobertas, ideais e lutas. Entre tantas personalidades brasileiras, algumas que já publiquei são: do escultor Aleijadinho, das pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, do escritor Oswald de Andrade, da poeta Cecília Meirelles, do líder Zumbi dos Palmares, do paisagista Burle Marx e, recentemente, do cientista Vital Brazil.
Fazer a biografia dessas personalidades é um desejo de valorizar aquilo que tiveram de mais vital em suas existências dentro de um contexto histórico, social e cultural. Dependendo da forma como se conta a vida de cada um, pode-se criar uma narrativa instigante e significativa para a criança, o adolescente e o jovem. Cada biografado abre um universo de ideias, lutas, desejos, criações, apresentando as questões de sua época que, muitas vezes, dialogam de maneira viva com assuntos atuais.
Já a ficção trabalha o imaginário, o universo subjetivo. É a construção de um mundo fictício de múltiplos acontecimentos nos quais o leitor é convidado a vivenciar as aventuras e desventuras de um ou vários personagens. Tenho publicado alguns textos em revistas, muitos são contos, outros, narrativas mais extensas em livros, como "O Segredo da Vó Maria", Callis editora.
E enfim, a poesia. A poesia é um gênero que trabalho há muito tempo. Sempre gostei muito de ler e estudar os poemas. Fiz uma primeira coleção chamada "Bicho-de- Livro", Editora Dimensão, e, recentemente, publiquei dois novos títulos: "Poemas para Assombrar" e "Poemas para Sonhar", Editora Larousse. Trabalhar com o poema é voltar-se mais para a materialidade da língua, isto é, a sonoridade das palavras, o ritmo, a síntese, as inusitadas combinações que revelam inúmeros sentidos. É bem interessante lidar com as possibilidades das palavras, principalmente com aquilo que elas têm de mais rígido e mais plástico. Gosto muito de fazer as ilustrações para meus livros de poesia. Tive a felicidade de poder ilustrá-los.
E pensando nas palavras, imagens e textos dos mais diversos gêneros que compõem os livros infantis e juvenis, observo que não existe um gênero que seja mais atraente para as crianças, o que importa é a qualidade literária, o dialogo entre texto e imagem e o projeto gráfico.

Livraria da Folha: Como as crianças recebem os poemas?

Carla Caruso: A linguagem do poema faz parte do universo da criança desde seu início, na barriga da mãe, ao ouvir o ritmo do coração. Poema é ritmo. Depois vêm as cantigas de ninar com as palavras rimadas, cheias de sonoridades: as parlendas, os trava-línguas (um tigre, dois tigres, três tigres). A linguagem poética se comunica muito bem com a linguagem da criança que tem uma relação lúdica e muito criativa com mundo. Cito um poema maravilhoso do poeta Sidónio Muralha, que gosto muito:

Lógica

"A preguiça lentamente,
Lentamente a balançar,
Parece dizer à gente:

_ ora
_ essa! ora essa!

Sou eu que vou devagar
Ou você que vai depressa?"

Como será que uma criança receberia este poema?

Livraria da Folha: Qual o seu livro infantil favorito?

Carla Caruso: É bem difícil dizer, mas cito um que li há algum tempo, e que me marcou bastante. Foi "O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett.





Um comentário:

  1. adorei este blog ele é super hiper mega da hora rafael mendes lara

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