quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O sítio de Lobato

por GUSTAVO RANIERI

Monteiro Lobato gostava de conversar com a menina Emília, a bonequinha de pano que ele próprio havia inventado e apresentado ao público no livro A menina do narizinho arrebitado, de 1920. Dizia que ela se sentava ao lado da máquina de escrever e, a todas as suas indagações, afirmava: “Eu sou sua independência ou morte, porque sou você mesmo”.

Acontece que Emília era o alter ego de Lobato, curiosa, falava demais e tudo o que tivesse vontade. “Ele conversava muito com ela e era exatamente assim: um homem que enfrentava tudo, que queria descobrir, experimentar, provocador, revolucionário”, relembra a escritora Tatiana Belinky, 91 anos, amiga do escritor no final de sua vida e a responsável, junto com o falecido marido Júlio Gouveia, pela primeira adaptação do Sítio do Picapau Amarelo para a televisão, em 1951, na extinta Tupi de São Paulo.

Mas Emília era apenas a gênese do universo intricado de José Renato Monteiro Lobato, o menino que nasceu na cidade paulista de Taubaté, em 18 de abril de 1882. Isso porque seu mundo era muito mais amplo e complexo do que as histórias que lhe trariam fama na literatura. Era conservador? Era modernista? Depende do ângulo de que se olha. Fato é que sempre esteve à frente de seu tempo. Foi ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), espírita, investiu dinheiro, saúde e sua liberdade na defesa do petróleo nacional e, acima de tudo, transformou a literatura infantil brasileira ao lançar mais de 30 títulos da série Sítio do Picapau Amarelo – além de duas dezenas de livros e romances destinados aos adultos.

“Lobato fundou a literatura infantil no Brasil. Não tenho memória de nada tão importante, nem antes nem depois dele. E não há ninguém com essa irreverência e essa criancice toda”, destaca a escritora de literatura infantil e juvenil Fanny Abramovich, 70 anos. “Ele é mais do que uma influência, porque ele é fundamental, mora dentro de mim”, completa.

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