segunda-feira, 23 de abril de 2012

Aventuras de Alice no Subterrâneo

Resenha: a primeira Alice de Carroll por Christiane Angelotti

Um livro feito especialmente para o seu leitor. Um objeto único. É essa a sensação que se tem ao folhear e ler a obra Aventuras de Alice no subterrâneo, da Editora Scipione. Por vezes, também temos a sensação de estarmos diante do exemplar original (1862-1864), o qual a menina Alice foi presenteada pelo autor, Lewis Carroll.
Pouco conhecida pelo grande público, esta obra tem toda uma história. Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, era professor de matemática e reverendo anglicano, lecionava no Christ’s College, em Oxford, Inglaterra (atual Universidade de Oxford). No verão de 1862, ele viajou pelo rio Tâmisa em companhia de seu colega, o reverendo Duckworth, e de três meninas, filhas do reitor e amigo Henry George Liddell. Durante a viajem, Dogdson (Carroll) criou uma história para entreter as meninas Lorina, Alice e Edith, que tinham 13, 10 e 8 anos, respectivamente. A história, porém, agradou particularmente a irmã do meio, Alice, que pediu insistentemente ao seu amigo que escrevesse a mesma para ela. Carroll atendeu ao pedido da menina e escreveu toda a aventura narrada durante o passeio, com uma caprichada grafia e desenhou ele mesmo algumas cenas narradas. O autor levou sete meses para acabar de escrever a narrativa, e mais sete para ilustrá-la e decorá-la e, após o término, mandou encaderná-la, dando-a como presente de Natal para a menina Alice, que guardou o mesmo durante muitos anos.


Vinte e dois anos após presentear Alice com o manuscrito, Carroll pediu-o emprestado para a já senhora Alice Hardgreaves, para que fosse feita uma edição fac-similar do mesmo, que foi editado e conhecido como Aventuras de Alice no Subterrâneo.
As Aventuras de Alice no Subterrâneo proporciona ao leitor conhecer um pouco mais da ótica de Carroll, do que imaginou serem as aventuras de uma menina que mergulha em um poço profundo, atrás de um coelho falante e vive várias aventuras, descobertas e transformações. Muito da visão do autor pode ser conferida por suas ilustrações originais, pelo grau de importância confere às transformações vividas pela personagem.
A edição lançada pela editora Scipione em 2011 não é uma versão do clássico inglês, mas uma edição similar ao original de Carroll, que deu origem ao famoso livro Aventuras de Alice no País das Maravilhas (1865). A tradutora e artista plástica Adriana Peliano estudou o manuscrito original de Carroll e idealizou uma fonte de letra (denominada Alice), que foi desenhada e digitalizada especialmente para este livro, simulando a grafia do original. A tradução fiel é outro ponto marcante da obra.
Todo esse cuidado, mais um projeto gráfico impecável, com a fonte "Alice", o papel que confere um ar envelhecido e as ilustrações originais do autor fazem desta edição uma preciosidade, não só para os fãs de Lewis Carroll, mas para todos que apreciam um trabalho editorial de qualidade. Um verdadeiro presente de “desaniversário” para cada um dos leitores.

Fonte: Revista Emilia

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